Transformando dor em amor: o exemplo de um pai

9 de agosto de 2019 Atualidades
Transformando dor em amor: o exemplo de um pai

Transformando dor em amor: o exemplo de um pai

Francisco Sogari fundou o Instituto Gabi em 2001 para manter viva a memória da filha – vítima de um atropelamento nas proximidades da casa onde moravam

Francisco Sogari, presidente e fundador do Instituto Gabi, com a esposa Iracema e o filho João Filipe

Se ainda estivesse entre nós, Gabriele Barreto Sogari completaria 25 anos no próximo dia 29 de agosto. Mas a imprudência de um motorista alcoolizado não permitiu que isto acontecesse.

Em 2001, a menina, então com seis anos, foi vítima de um atropelamento nas proximidades da casa onde morava, numa avenida da zona sul de São Paulo. Ela estava na companhia do pai, o jornalista Francisco Sogari. Momentos antes de ser atropelada, seu pai vivenciou uma experiência que marcou profundamente sua vida.

“Estávamos caminhando quando a Gabi viu um morador de rua pedindo ajuda. Ela quis fazer algo por ele. Sugeri que comprássemos alimento num supermercado próximo. Mas ela não teve tempo de entregar, ela foi arrancada dos meus braços”, recorda o pai. “Antes de partir ela pronunciou uma frase que me marcou e virou não só o meu lema, mas de muitas pessoas que nos cercam: Quem ajuda os outros é feliz.”

Talvez nunca será possível medir a dor de um pai e de uma mãe que perdem seu filho. Porém, Sogari e a esposa, a pedagoga Iracema Sogari, optaram por transformar a dor em amor. Poucos meses depois da partida da filha, o casal fundou um projeto social, o Instituto Gabi, com a missão de manter viva a sua memória e atender crianças e adolescentes de baixa renda com deficiência. Já são 18 anos de trabalho e muito esforço para manter este trabalho que vem transformando a vida de muitas famílias. ”

O Instituto Gabi atende mais de 60 crianças, adolescentes e jovens. A eles oferece atividades que os capacita a viver melhor em sociedade, com mais qualidade de vida. Mantém um projeto de geração de renda para as mães por meio do artesanato, além de apoio psicológico. E, para atingir seus objetivos, há mais de 10 profissionais em atuação, devidamente regulamentados e registrados no Conselho Regional.

“Ainda estamos lutando pela sustentabilidade. Precisamos garantir a continuidade, preparar pessoas para prosseguirem com o mesmo propósito”, diz Francisco Sogari. “No entanto, o que nos orgulha é saber que chegamos à maioridade com um projeto sólido e de qualidade, reconhecido por mais de 1300 famílias que passaram pelo Gabi. O poder público, acadêmicos e muitos voluntários sempre apoiaram o projeto”.

Fé e solidariedade como caminhos para superação – A trajetória de Sogari se traduz numa importante mensagem para aqueles que tiveram uma grande perda: “A vida, muitas vezes, é cruel. Foi cruel comigo. Eu e minha esposa poderíamos ter nos revoltado, mas a fé e a solidariedade permitiram que a paz fosse voltando aos poucos. Nosso filho João Filipe e o Instituto Gabi foram o caminho que encontramos para aliviar a dor – a nossa, pela perda, e a das pessoas com deficiência e seus familiares, que sofrem com a exclusão social”.

Para os pais, Sogari deixa uma mensagem: “Todos queremos a felicidade dos filhos. Vivemos em função deles. Devemos continuar nesta luta incessante. Mas esta felicidade deve conter exemplos e práticas de partilha e  amor ao próximo. Pais, amem seus filhos. Filhos, amem seus pais. Este é o caminho para a verdadeira felicidade. Experimentem. Juntem-se a nós”.


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