FILHAS DE EVA – Diretor artístico de ‘Filhas de Eva’, Leonardo Nogueira conta sobre os bastidores da série
Diretor artístico de ‘Filhas de Eva’, Leonardo Nogueira conta sobre os bastidores da série
Foram mais de três meses de gravações, com quase 70% das cenas gravadas em externas. Grajaú, na Zona Norte, Lapa, no Centro, Glória, Catete, Flamengo, além da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul, foram alguns dos locais escolhidos pelo diretor artístico Leonardo Nogueira para a série ‘Filhas de Eva’ que estreia hoje, dia 12, na TV Globo, logo após ‘Pantanal’. Protagonizada por Renata Sorrah, Giovanna Antonelli e Vanessa Giácomo, a produção se passa no Rio de Janeiro, mas revisita partes da cidade que o público não está acostumado a ver nas telas. “A ideia era revisitar uma parte da cidade que o público não está tão acostumado a ver nas telas. Apesar disso, são cenários que o carioca está habituado a percorrer em sua rotina, mas não nos projetos audiovisuais. A gente concentrou as filmagens em algumas áreas do Rio antigo para ambientar a nossa série e essas três histórias que se cruzam, fugindo um pouco de ponto turístico, para não ter muita distração. Escolhemos lugares que são lindos também, mas pela sua naturalidade, e deixamos com que protagonizassem a história das personagens”, explica Leonardo.
Como você analisa as personagens dessa história?
Quisemos construir essa história da forma mais orgânica possível. As personagens querem algum tipo de liberdade, querem se reencontrar. E essa integração acontece exatamente pela identificação do momento de cada uma, de entender que precisa se enxergar.
De que forma foi pensado o conceito estético de ‘Filhas de Eva’?
Buscar o conceito da série foi o maior desafio, porque nosso tema é abstrato. A série levanta questionamentos e o pontapé inicial para isso é o divórcio. Quem nunca teve vontade de mudar? Precisávamos pensar como levar esse assunto para a casa das pessoas, sem ser de forma imperativa, talvez com os três pontos no final de cada cena para levantar esse questionamento de forma natural nas pessoas. Buscamos uma linguagem contemporânea, com enquadramentos simples, geométricos e mais contemplativos. Não têm aquela necessidade do corte o tempo inteiro. Optamos por deixar os atores como os principais elementos na composição dos quadros. Deixamos a história acontecer, sem precisar mostrar uma imagem bonita e correr para o close. A ideia é estar sempre modernizando a linguagem, seja na direção de arte, na fotografia ou nas lentes. Foram seis meses de pesquisa para chegar ao resultado.
Quais foram os recursos artísticos utilizados para contar as histórias principais da série?
Um recurso que nós usamos como linguagem, de uma maneira geral na conceituação da série, foram as locações. Deixamos com que esse tema sempre fizesse parte dos quadros. Optamos por rodar em locações de bairros como Grajaú, Lapa, centro, Glória, Catete, Flamengo, além da Lagoa. A ideia era revisitar uma parte da cidade que o público não está tão acostumado a ver nas telas. Apesar disso, são cenários que o carioca está habituado a percorrer em sua rotina, mas não nos projetos audiovisuais. A gente concentrou as filmagens em algumas áreas do Rio antigo para ambientar a nossa série e essas três histórias que se cruzam, fugindo um pouco de ponto turístico, para não ter muita distração. Escolhemos lugares que são lindos também, mas pela sua naturalidade, e deixamos com que protagonizassem a história das personagens.
Os flashbacks também são recursos que aparecem bastante nos episódios. De que forma eles foram inseridos na narrativa?
Os flashbacks reforçam as ações das personagens no presente, não são só para lembrar algo ao público. Esses momentos têm a função de iluminar o estado de espírito atual delas.
Como foi a escolha da trilha sonora?
O desejo era ter uma trilha sensorial. Eu não quis iluminar nada que pudesse atrapalhar as histórias dessas três mulheres fortes se cruzando, mas suavizar isso e trazer um repertório sensorial, como é a música de abertura. Você sente a trilha e sente o clima da série. E não só ouve; é uma música que chama para a série, ela tem uma personalidade. Isso acontece não só na abertura, mas dentro dos episódios, também. Temos músicas francesas, brasileiras… sempre no clima da série.
Como foi o clima nas gravações com elenco e equipe?
As quatro atrizes mais centrais da série estavam em um momento muito especial e as personagens são muito bem definidas. As tramas são muito particulares a cada uma daquelas mulheres e elas estavam geniais, como sempre. Elas estavam especialmente inspiradas nesse projeto e deu uma ótima liga entre as quatro. Quando olhava as personagens juntas, pensava: ‘Eu quero ser amigo delas, percebo uma forte conexão entre elas’. A interpretação abre caminho para as histórias se cruzando através de quatro atrizes brilhando em seus personagens. Eu fui embarcando naquela história e virei quase que um personagem. A gente estava muito afinado, a coisa foi acontecendo naturalmente, sem muita previsão. A ideia era que as três estivessem tão à vontade que o público não enxergasse nada de interpretação, apenas a narrativa. Elas conduziram a história. O tempo inteiro traziam ideias, desde a leitura. Nesse momento, junto com a Martha e o Nelito, a gente pôde ir construindo, então quando a gente chegava no set, era só executar e aprimorar uma coisa ou outra. As pessoas voltavam com os seus estudos, e gente já estava com a ideia principal na cabeça, para só se divertir.
Como foi a experiência de dirigir a Giovanna ao longo das gravações de ‘Filhas de Eva’?
Nós já trabalhamos juntos em três novelas e uma série. É muito bom, porque além de ela ser um fenômeno como atriz, é uma parceira de trabalho e a gente ainda consegue alinhar as agendas em casa, então as crianças agradecem (risos).
Houve alguma cena ou sequência que destacaria como a mais desafiadora ou marcante nesta produção?
Tem duas cenas que são simbólicas para mim. Uma é a cena da passeata, em que as quatro personagens – Stella, Lívia, Cléo e Dora – se juntam em um protesto em defesa dos direitos das mulheres. Elas se unem em um movimento disruptivo e tiram a parte de cima da roupa. Não é um ato gratuito de tirar a blusa, aquilo é um grito de liberdade. Aquela sequência foi gravada em um ótimo astral, em que as coisas se encaixaram, e isso passou muito para o resultado final. Tem uma outra sequência que eu acho incrível, que é o momento em que a Stella redescobre o sexo, o amor, as suas vontades, os seus desejos. É uma cena que intercala com o momento da primeira vez da neta, Dora. São duas cenas em uma, que vão e vêm. São duas gerações com os mesmos desejos, com as mesmas vontades – uma se descobrindo e a outra se redescobrindo.
Que balanço você faz deste trabalho hoje, passados mais de dois anos do início das filmagens? E como está expectativa para a estreia na TV Globo?
A gente teve uma belíssima experiência porque estreamos no Globoplay no Dia Internacional da Mulher, no ano passado. E o resultado foi incrível! Eu não imaginava que seria tão positivo. Então, estamos muito confiantes de que a estreia na TV Globo também será bem-sucedida.