Terça Aberta no Kasulo traz três criações em dança
A Terça Aberta no Kasulo acontece no próximo dia 25 de outubro, às 19h, com três solos: “Helena”, interpretada pela bailarina Mariana Taques, “Fruto da Vida da Alma”, que Katia Rozato traduz como uma oração de quietude, vacuidade e desnudez, e “Saudade de quando a carne era corpo”, dança-teatro de Gabriela Alcofra, em parceria com Daniel Conti, que aborda as violências contra a mulher, em uma perspectiva histórica.
Livremente inspirada na vida e obra da violeira sul-mato-grossense Helena Meirelles, “Helena” apresenta-se como uma coreografia ficcional, com pitadas de memórias que trazem como cenário o bioma do cerrado. Em cena, a dramaturgia do corpo de Mariana Taques remonta às imagens e histórias marcadas pela aridez do ambiente, por pés descalços na terra, árvores tortas, ciclos de vida-morte, por memórias das figuras femininas. Enlaçada em som e texturas, a criação parte dos princípios da improvisação em dança onde a relação sensação-imagem convida o espectador a descobrir novas paisagens na profundidade de si e de um Brasil interiorano. Co-dirigido por Manuela Aranguibel, a peça tem Natália Nery na composição musical, teclado e voz; Rossana Boccia na luz, e Letícia Esposito na produção executiva.
Com “Fruto da Vida da Alma”, Katia Rozato presta homenagem à memória de sua irmã, morta em novembro de 2021, interpretada como oração-poema-corpo: “Quando o fizer cega-me, mas acima de tudo o medo sob mim, sob as palavras, sob as mentiras. Perfeição de não mover-se mais, bem e tal resistência onde eu nunca durma; se assim fizer ficarei cega”.
Finalmente, em “Saudade de quando a carne era corpo”, Gabriela Alcofra olha para os inúmeros abusos e assédios realizados contra a mulher ao longo dos tempos, em ambientes familiares e sociais. Buscando um caminho não-explícito, o solo aborda a fronteira entre memórias, realidade e ficção, para falar tanto das narrativas construídas sobre uma mulher, como das estratégias de sobrevivência para reconstruir um passado traumático. Ainda em processo, a criação é pautada na experimentação do recurso de audiodescrição como caminho de composição dramatúrgica, que se desdobra em roteiro, rubrica, imagens, poesia e trilha sonora.
Depois das apresentações, com aproximados 60 minutos de duração, rola uma boa conversa dos artistas com o público, mediada pela atriz Janaina Leite, diretora do Grupo XIX de Teatro, e da bailarina Vanessa Macedo, que dirige a Cia Fragmento de Dança, curadoras do projeto.
A entrada é gratuita e os ingressos também podem ser reservados no site da companhia: www.
Parte do projeto Danças para sonhar, sonhos para existir, contemplado pelo Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, a Terça Aberta no Kasulo tem como proposta receber artistas para compartilhamento de trabalhos em processo de criação.
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Serviço
Terça Aberta no Kasulo – Cia Fragmento de Dança
25/10 (terça-feira), das 19h às 21h
Com: Mariana Taques (“Helena”), Katia Rozato (“Fruto da Vida da Alma”), Gabriela Alcofra (“Sau
Kasulo – Espaço de Cultura e Arte
(Rua Souza Lima, 300, Barra Funda, Metrô Marechal Deodoro – Linha Vermelha – Tel: 11 3666 7238).
Capacidade: 40 lugares
Ingressos: Grátis – reservas www.ciafragmentodedanca.com.
Duração: 60 min. + bate-papo | Classificação Indicativa: 18 anos
Acessibilidade: não
www.ciafragmentodedanca.com.br
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www.facebook.com/
Um pouco das artistas:
Mariana Taques é de Vilhena (RO). Hoje, em São Paulo, trabalha como intérprete criadora no grupo de dança Silenciosas + GT’aime, dirigida por Diogo Granato. Também integra o Núcleo Improvisação em Contato, dirigido por Ricardo Neves, colabora com Núcleo Cinematográfico de Dança, dirigido por Maristela Estrela e Mariana Sucupira, e compõe a Plataforma Bóia, dirigida por Ilana Elkis. Junto com a bailarina Manuela Aranguibel e a musicista e atriz Natália Nery, investiga as diferentes possibilidades narrativas, aprofundando-se na dramaturgia do corpo em movimento.
Kátia Rozato é formada em Artes Plásticas pela Academia Brasileira de Artes, pela Associação Internacional de Instrutores de Yoga Ananda Marga e dirige a Cahlo Núcleo de Dança. Trabalhou com Sandro Borelli (FAR 15 e Borelli Cia); Maurício de Oliveira (Cia Siameses); João Andreazzi, (Cia Corpos Nômades); e com os artistas Mirella Brandi e Muep Etmo. Em Minas Gerais, desenvolveu os solos “Ad Lib”, “Única Impressão“ e “(Cem) Título“; e dirigiu “Permitindo a Luz”, “O Silêncio”, “Aminôna” e “Aletéia”. De volta a São Paulo, como diretora da Cahlo, criou “A Leveza de Um Homem Só”, “À Margem da Linha” e “Não Sopro”.
Gabriela Alcofra é doutora e mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Bacharel em dança pela Faculdade Angel Vianna. Artista independente, transita entre o universo da dança e do teatro, tangenciando a poesia como caminho de reflexão dramatúrgica. É docente do Mestrado Profissional em Artes da Cena pela Escola Superior de Artes Célia Helena, onde também atua como professora da graduação e do curso técnico profissionalizante. Foi professora dos cursos de dança e teatro da Universidade Anhembi Morumbi.