João Rocha, sobrinho de Glauber, prepara documentário em cima de relicário arrematado em leilão
Agora é tarde, Inês é morta!
O cineasta João Rocha, sobrinho de Glauber, prepara documentário em cima de relicário arrematado em leilão
A protagonista do mais famoso e trágico caso de amor da história portuguesa, a rainha Inês de Castro, coroada rainha após ser morta, é tema do livro “Inês de Castro, um Tema Português na Europa”, que será lançado no dia 12 de março. Escrito por Maria Leonor Machado de Sousa, historiadora e membro da Academia Portuguesa da História, a obra tem a participação de uma figura brasileira que também carrega a história do país do sangue: o produtor cultural e cineasta João Rocha, sobrinho do icônico Glauber Rocha. Em um dos capítulos existe um episódio inédito e desconhecido da corte brasileira: uma relíquia perdida que foi mandada para o Brasil, o relicário com os cabelos da Rainha Morta, hoje pertencente a João.
“No leilão me deparei com uma caixa em bronze, muito antiga, esverdeada e que lembrava uma antiga tumba gótica com a efígie de uma rainha deitada em cima da tampa. Percebi que já havia visto aquilo em algum lugar, possivelmente quando estive na Europa. Eu sabia que estava diante de algo muito importante”, comenta João. Para chegar a resposta final, o cineasta fez diversas pesquisas em bibliotecas e museus online até chegar na direção do Mosteiro de Alcobaça (Portugal), onde a tumba real está localizada: “A diretora tomou um susto quando recebeu as fotos e me direcionou para Maria Leonor Machado, que alguns meses depois me ajudou a decifrar o enigma”, diz.
A misteriosa caixa em bronze, que reproduz a tumba da rainha no Mosteiro de Alcobaça, foi arrematada por João em um leilão residencial em 2016 por aproximadamente R$ 500. Após longos anos de pesquisas em parceria com Maria Leonor, descobriu-se que o objeto era nada mais que uma das 3 raríssimas relíquias que continham os cabelos da rainha.
A história conta que os cabelos trazidos na caixa pelo Conde de Linhares, logo após a chegada da corte Real no séc. 19, eram para ser entregues ao Rei D. João VI em uma importante solenidade, porém uma tragédia se abate sobre o importante evento: assim que o Rei abre a caixa, o recinto é invadido por uma tempestade de ventos que sopra as madeixas loiras da rainha, que se espalham e se perdem para sempre. Fato inclusive narrado no Magazine Pitoresque de 1858. A caixa relicário então some na história e é finalmente reencontrada em 2016.
“Tinha um ninho de insetos preso dentro da caixa com um pedaço de fio de cabelo. Até procuramos o laboratório Biofutura, que realiza perícia de DNA, para tentar comparar as amostras, mas infelizmente o pedaço do fio estava contamina o e era muito pequeno para os testes”, explica João. Atualmente só existem três relíquias de Inês fora do mosteiro: uma com o diretor do Louvre (Paris, FR), outra com Sr. Assunção Júdice, Presidente da Fundação Inês de Castro, e a caixa de João Rocha.