Maria Antonia da USP inaugura a exposição É tarde, mas ainda temos tempo
É tarde, mas ainda temos tempo
A mostra configura-se como uma panorâmica de seus 20 anos de trajetória, celebrados recentemente em um livro lançado em dezembro de 2018, cujo título “Para que algo aconteça” reafirma seu interesse por uma arte que propicie encontros –sejam eles efêmeros, amorosos, incômodos ou mesmo inconvenientes. Encontros que podem ser, antes de tudo, enfrentamentos entre os sujeitos participantes de suas ações e eles próprios.
Para a artista, importam os acontecimentos e suas possíveis repercussões nos participantes. Teixeira tem como referência artistas que também experimentaram gestos de troca com o público, como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape. “Para mim, é a possibilidade de abrir-se para o que se apresenta, a um ser ou a algo, a uma situação, a uma obra de arte, ou a si mesmo. E a entrega é, antes de tudo, um ato de coragem”, salienta.
A exposição conta, ainda, com novos trabalhos. Um deles é Cala a boca já morreu, uma série de desenhos em tamanho natural, feitos diretamente em uma das paredes da sala, de 43 mulheres com quem a artista conversou no entorno do Centro Maria Antonia durante o mês de março de 2019, perguntando-lhes o que elas não querem mais calar. Segundo a artista, o trabalho dialoga diretamente com o momento atual, principalmente no Brasil –mas não apenas no país. “Vivenciamos a derrocada das democracias e o fortalecimento de movimentos de direita, que ameaçam as liberdades individuais e coletivas. Esta ação de dar voz às mulheres, indistintamente, em ruas e outros espaços públicos, é um ato de luta e resistência”, enfatiza.
As ações Outra Identidade e Escute! serão realizadas pela artista algumas vezes durante o período da mostra. O título incita os visitantes a pensar nas dificuldades atuais como possíveis de serem superadas. ”É tarde, mas ainda temos tempo para rever, reverter, provocar, desafiar, estimular o senso crítico, propor trocas, exercitar a tolerância, encontrar-se, ofertar-se, fortalecer-se e fortalecer o outro, ver o outro, ouvir o outro, dar espaço ao outro. Ainda temos tempo para acontecer”, analisa Teixeira.
No dia 28 de agosto, às 19 horas, a artista e a curadora participam do programa Conversa na exposição, e convidam o público a refletir em conjunto sobre as obras expostas.
Serviço
Exposição É tarde, mas ainda temos tempo – Abertura 23 de agosto a partir das 19 horas. Até 29 de outubro.
Conversa na exposição com Ana Teixeira e Galciani Neves – Dia 28 de agosto às 19 horas
Onde | Centro Universitário Maria Antonia – Edifício Joaquim Nabuco
Rua Maria Antonia, 258 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)
Quando | De 23 de agosto a 29 de outubro de 2019
Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas
Classificação | Livre
Quanto | Grátis
Informações | (11) 3123-5202