Museu do Futebol abre a exposição 22 em Campo, que explora as relações entre Modernismo e o esporte mais popular do país

15 de julho de 2022 Esportes
Museu do Futebol abre a exposição 22 em Campo, que explora as relações entre Modernismo e o esporte mais popular do país

 Museu do Futebol abre a exposição 22 em Campo, que explora as relações entre Modernismo e o esporte mais popular do país

Com curadoria do arquiteto Guilherme Wisnik, a mostra temporária escolhe 22 temas icônicos para associar esporte, cultura e sociedade em lembrança ao centenário da Semana de Arte Moderna. A comunicação visual é do designer Kiko Farkas.

Que relações é possível estabelecer entre Modernismo e futebol? Como o movimento cultural que buscava a valorização de uma cultura cotidiana brasileira pode se ligar ao esporte, que também veio de fora e rapidamente se tornou popular em todas as classes sociais? Estes são alguns dos motes propostos pela nova exposição do Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu. Com curadoria de Guilherme Wisnik, 22 em Campo – 100 anos de futebol e modernismo no Brasil apresenta as ligações, às vezes inusitadas, às vezes surpreendentemente diretas, entre o movimento cultural e o esporte das multidões. A mostra faz parte da Agenda Tarsila, que comemora o centenário da Semana de 22 nos equipamentos culturais paulistas.

22 em Campo – 100 anos de futebol e modernismo no Brasil parte de uma brincadeira com os números: 22 é o ano em que se realizou a Semana de Arte Moderna e, agora, de seu centenário. É também o número de jogadores em campo numa partida oficial: 22 atletas que se movem ocupando o espaço delimitado pelas quatro linhas, criando narrativas emocionantes ao longo dos 90 minutos do jogo. Por isso, a mostra tem 22 módulos dedicados a 22 temas escolhidos para relacionar os anos de 1922 e 2022, o esporte e o Modernismo. Os módulos são ilustrados por fotografias e vídeos de época, audios históricos e outros gravados por atores, interpretando texto do Modernismo que se referem ao futebol; além de criações feitas especialmente pelo designer Kiko Farkas para a identidade visual da mostra. A cenografia é de Álvaro Razuk.

“No mesmo ano, enquanto em fevereiro os artistas modernistas agitavam o Theatro Municipal, em setembro uma multidão se reunia ao lado, no Vale do Anhangabaú para receber notícias do Campeonato Sulamericano de Futebol, que acontecia no Rio de Janeiro. Os repórteres do jornal O Estado, colocavam o placar na fachada do prédio. Assim, no “ano zero” do modernismo brasileiro, a seleção masculina de futebol se sagrava bicampeã em território nacional”, conta Guilherme Wisnik.

A bola, o goleiro, o jogador Arthur Friedenreich, o goleiro Marcos Carneiro de Mendonça, o futebol de mulheres e o estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, são alguns dos temas escalados do universo futebolístico. No time do Modernismo e da cultura, jogam Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, Mário de Andrade, o Theatro Municipal de São Paulo, o músico Pixinguinha e a tela operários, de Tarsila. Mas nesse jogo há mais de dança do que de competição, e o visitante se surpreenderá com as ligações possíveis entre os dois universos.

No módulo dedicado à bola, por exemplo, será possível ouvir em audio a declamação de poemas de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e Cassiano Ricardo (1895-1974) dedicados ao fascinante objeto esférico que é símbolo do jogo. Lado a lado, uma bola original de 1922 e a bola oficial da Copa do Catar, deste ano, materializam a evolução da tecnologia esportiva nesses cem anos.

Em outro módulo, a exposição reflete sobre as relações entre o jogador Garrincha (1933-1983) e o personagem Macunaíma, criado por Mário de Andrade, inspirado em uma entidade indígena. Conhecido como o “anjo das pernas tortas”, Garrincha era descendente do povo Fulni-ô, de Alagoas e Pernambuco, e encantou o mundo com os dribles desconcertantes e o jeito alegre de jogar – uma mistura ambígua de malícia e inocência que também está presente em Macunaíma.

A exposição também recupera como o futebol esteve presente na própria Semana de 22: na abertura do evento, o escritor Menotti Del Pichia cita o jogador Friedenreich em seu discurso. Mário de Andrade também dedica um poema à primeira grande estrela do futebol brasileiro e, enquanto Oswald de Andrade escreve alguns versos sobre futebol, a pintora Tarsila do Amaral registra numa crônica sua experiência como torcedora em um Brasil x Argentina no Parque Antártica.

Ao fim da mostra, os visitantes terão elementos para pensar como o Modernismo e o Futebol se relacionam à construção da ideia do que é “ser brasileiro” – com ambiguidades, complexidades e contradições.

 

22 em Campo – 100 anos de futebol e modernismo no Brasil fica em cartaz até 29 de janeiro de 2023. Conta com Patrocínio Máster da Goodyear e Patrocínio das empresas EMS Farmacêutica e Movida Aluguel de Carros; São apoiadores: Evonik Brasil, Syngenta, Yamaha – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

SERVIÇO 

Museu do Futebol

Exposição 22 em Campo – 100 anos de futebol e modernismo no Brasil
Praça Charles Miller, s/n – Pacaembu – São Paulo
De terça a domingo, das 9h às 18h (entrada permitida até as 17h)
Toda primeira terça-feira do mês, até as 21h (entrada até 20h)
R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Crianças até 7 anos não pagam
Grátis às terças-feiras
Garanta o ingresso pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/67330
Estacionamento com Zona Azul Especial – R$ 5,75 por três horas


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