Vereda da Salvação é tema da coleção digital e de debate on-line do CPT_SESC

7 de outubro de 2021 Teatro, TV e Cinema
Vereda da Salvação é tema da coleção digital e de debate on-line do CPT_SESC

A encenação, que teve a participação de Laura Cardoso e Luis Melo nos papéis principais, integra a coleção que reúne figurinos, desenvolvidos por J.C. Serroni e influenciados pelas obras de Arthur Bispo do Rosário 

A partir do  dia 4 de outubro,  a peça Vereda da Salvação, dirigida por Antunes Filho, com base no texto de Jorge Andrade, passa a integrar o acervo digital das Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC, disponível na plataforma Sesc Digital.

Vereda da Salvação foi encenada pela primeira vez, em 1964, pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo. Quase três décadas depois, Antunes Filho estreou nova montagem, em dezembro de 1993, no Teatro Anchieta, contando com Laura Cardoso e Luis Melo nos papéis principais, interpretando Dolor (mãe) e Joaquim (filho).

A obra foi baseada num fato verídico ocorrido em Malacacheta, no sertão de Minas Gerais, em 1955. Na ocasião, posseiros, condenados a uma vida miserável e sem perspectiva, cometeram delitos, incitados por uma seita de fanáticos religiosos, e acabaram sendo massacrados pela polícia.

Essa realidade – que continua ainda tão atual no Brasil – foi retratada por Antunes Filho, como metáfora dos massacres ocorridos no país na década de 1990: os sem-terra em Carajás, índios ianomâmi, meninos de rua da Candelária, moradores de Vigário Geral, presidiários no Pavilhão Nove do Carandiru e tantas outras populações que foram executadas pela polícia, por justiceiros e narcotraficantes, que resultam em genocídios, ressaltando o abandono social, a falta de assistência dos governos e o descaso em relação às minorias.

A montagem é parte dos ensaios em torno da “sinergia do Mal”, da reflexão em torno do bem e do mal. Nesse caso, o mal domina a estrutura de poder no Brasil, desde a formação da nacionalidade, herança dos colonizadores portugueses, conforme cita Sebastião Milaré, em seu livro Hierofonia – O teatro segundo Antunes Filho.

NONA COLEÇÃO NA PLATAFORMA SESC DIGITAL   

A coleção traz relato em audiovisual de J.C. Serroni (cenógrafo e figurinista), 15 imagens de cena registradas pelo fotógrafo Paquito, 6 trajes, 2 adereços, o programa da primeira montagem do espetáculo feito por Antunes Filho no TBC (1964), o programa da montagem do CPT de 1993 e o prospecto com trechos de críticas teatrais e artigos de jornais.

Vereda da Salvação (1993) é a nona peça a integrar as Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC disponíveis na plataforma digital do Sesc, juntando-se a Foi Carmen (2005), Gilgamesh (1995), Antígona (2005), Medeia (2001) e Medeia 2 (2002), Fragmentos Troianos (1999), Xica da Silva (1988), A Hora e Vez de Augusto Matraga (1986) e A Pedra do Reino (2006), que permanecem on-line para serem visitadas.

DEBATE 

No dia 20 de outubro, quarta-feira, às 19h, acontece o debate on-line sobre a montagem Vereda da Salvação com a participação do ator Luis Melo, da cenógrafa e figurinista Telumi Hellen e mediação da atriz e diretora Renata Jesion. No encontro, os convidados abordam o processo de criação, os bastidores e suas experiências na peça. A apresentação é de Tiago Marchesano, comunicador social e assistente técnico na Gerência de Estudos e Desenvolvimento do Sesc São Paulo.

Com transmissão pelo canal do CPT_SESC no YouTube e tradução em Libras, a atividade integra o Círculo de Debates – Memória, Acervo e Pesquisa, que conta com a participação de diferentes profissionais das artes cênicas e de integrantes das montagens do CPT, com o objetivo de compartilharem com o público suas memórias sobre diferentes encenações.

Os debates são realizados sempre que uma nova seleção de imagens de figurinos e outros objetos de acervo relacionados às diferentes peças do CPT é publicada no Sesc Digital dentro das Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC.

 

SOBRE OS CONVIDADOS 

Luis Melo é ator, professor de interpretação e idealizador da Fundação Campo das Artes. Atuou por muitos anos sob direção do encenador Antunes Filho, tendo sido protagonista de vários espetáculos marcantes, entre eles Vereda da Salvação, Gilgamesh e Trono de Sangue, adaptação da obra Macbeth de Shakespeare, em 1992, considerado por muitos a melhor interpretação de Macbeth no teatro brasileiro. Atuou em novelas, como Cara e Coroa, que lhe rendeu o Prêmio APCA como melhor ator em TV, O Amor Está no Ar, Pecado Capital, A Padroeira, A Casa das Sete Mulheres, dentre outras. No Cinema, atuou em Terra Estrangeira (Walter Salles/Daniela Thomas), Jenipapo (Monique Gardenberg), Bar Babel (Roberto Prado/Rodrigo Barros Del Rei), Doces Poderes (Lúcia Murat) e Por Trás do Pano (Luís Villaça).

Renata Jesion é atriz, diretora e dramaturga. Iniciou sua carreira em 1992 com o diretor Antunes Filho no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), como atriz, preparadora de corpo, voz e interpretação e, por fim, assistente de direção. Atuou nos espetáculos Macbeth, Trono de Sangue, Nova Velha Estória, Chapeuzinho Vermelho e Vereda da Salvação. Em 1997, fundou com o dramaturgo Dionísio Neto a Companhia Fenômenos Extremo-nos. Em 1998, entrou para a Cia de Ópera Seca, de Gerald Thomas Sievers, com quem viajou para diversos festivais, dentre eles o Eurokaz, na Croácia – Zagreb. Seus trabalhos de direção e autorais incluem Gedichte (1997), Red Light Babel Brasil, Vida de Lavadeira (1999) e Lig-Lubaa (autoria de Heloisa Pait) (1999).

Telumi Hellen é cenógrafa e figurinista. Pós-graduada em Processo de Criação Artística com o Desenvolvimento para a Psicologia da Arte. Integrou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), entre os anos de 1987 e 1997, sempre em parceria com o cenógrafo J.C. Serroni. Participou cinco vezes da Quadrienal de Praga e tem seus projetos de figurinos para teatro publicados no livro “Vestindo os Nus”, de Rosane Muniz.

 

SERVIÇO 

4 de outubro, segunda-feira 

VEREDA DA SALVAÇÃO – Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC

Figurinos e materiais gráficos em coleção digital que apresenta o acervo do espetáculo Vereda da Salvação, montado em 1993 pelo CPT, com direção de Antunes Filho.

[disponível na plataforma Sesc Digital]


20 de outubro – quarta-feira, às 19h 

CÍRCULO DE DEBATES – MEMÓRIA, ACERVO E PESQUISA: VEREDA DA SALVAÇÃO
Com Luis Melo e Telumi Hellen 
Mediação: Renata Jesion
Apresentação: Tiago Marchesano
Atividade on-line em youtube.com/cptsesc
Classificação: livre

SOBRE AS COLEÇÕES E ACERVOS HISTÓRICOS CPT_SESC      

As Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC trazem ao público seleções dos figurinos e outros itens de peças encenadas pelo CPT. Um minucioso trabalho de pesquisa possibilitou a recomposição e restauro de 150 trajes cênicos compostos por 470 itens, de 13 espetáculos: A Hora e Vez de Augusto Matraga, Antígona, Foi Carmen, Fragmentos Troianos, Gilgamesh, Medeia, Medeia 2, Nossa Cidade, Toda Nudez Será Castigada, Trono de Sangue, Pedra do Reino, Vereda da Salvação e Xica da Silva. Em seguida, os figurinos foram registrados pelo fotógrafo Bob Sousa, fotos essas que são hoje o fio condutor das Coleções.

 

SOBRE O SESC MEMÓRIAS     

Implantado e coordenado pela Gerência de Estudos e Desenvolvimento do Sesc São Paulo, o Sesc Memórias é um programa que desde 2006 atua na coleta, higienização, organização, guarda e disponibilização da documentação produzida pela instituição, com o propósito de preservar e difundir suas memórias. Integram seu acervo os registros produzidos desde a criação do Sesc, em 1946. São diversos gêneros, suportes e formatos de documentos que assinalam a ação finalística da instituição e seus processos de trabalho, como materiais de divulgação, fotografias, produtos institucionais, ações programáticas, relatórios, entre outros. Seu acervo contribui para a reflexão acerca do trabalho desenvolvido pela instituição, bem como para a promoção de pesquisas e de produção de conhecimentos, na medida em que é acessível ao público interno e externo, reforçando a memória como um valor a ser cultivado.

 

SOBRE O CPT_SESC  

O Centro de Pesquisa Teatral foi criado em 1982 como laboratório permanente de criações teatrais, formação de atrizes, atores, dramaturgas e dramaturgos. Ao longo das décadas, ganhou reconhecimento da crítica e de seus pares no Brasil e em outras partes do mundo como referência no fazer teatral. Foi coordenado por Antunes Filho por 37 anos, período no qual formou mais de mil profissionais das artes cênicas e apresentou 46 espetáculos. Em 2020, passado um ano da morte do diretor, o CPT expandiu suas ações em busca do constante desenvolvimento que o teatro contemporâneo exige, mantendo o diálogo com o seu legado.

A programação, disposta em cinco eixos temáticos – Formação de Atores; Criação e Experimentação; Dramaturgia; Cenografia; e Memória, Acervo e Pesquisa – apresenta ciclos de debates, mostras digitais, cursos, podcasts, oficinas, entre outras atividades, com artistas e técnicos de diversas formações e instâncias da produção teatral, a fim de buscar a realização de um trabalho interdisciplinar a que sempre se propôs o CPT_SESC.

 

Confira a programação completa em www.sescsp.org.br/cpt e nas redes sociais:

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