VITOR MIRANDA LANÇA O FILME PROTESTO “ÁGUA” NAS PLATAFORMAS DE STREAMING
VITOR MIRANDA LANÇA O FILME PROTESTO “ÁGUA” NAS PLATAFORMAS DE STREAMING
Por: Arlete Alcântara, exclusivo para a Revista Ponto Jovem
O curta-metragem “Água”, com André Abujamra e a Banda da
Portaria, disponível no Youtube, faz uma crítica contundente aos
agressores da Amazônia, defende os povos da região e presta
uma homenagem aos defensores que foram mortos por
protegerem a floresta. Imagens de agressão às mulheres,
crianças e a natureza também são destaque no filme.
Na primeira cena, vemos o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira (assassinado recentemente com o jornalista inglês Dom Philips, na Amazônia) cantando alegre e tranquilo, no meio da floresta amazônica. Ao fundo estão os índios Kanamari repetindo a mesma canção. Para o diretor e produtor do curta, Vitor Miranda, a intenção de “Água” era essa mesma: causar desconforto e chamar a atenção para a agressão sofrida pelos povos indígenas e outras minorias.
Vitor compõe, fotografa, atua, dirige e escreve em seus trabalhos e aproveitou e chamou outro multiartista, André Abujamra para participar de “Agua”. O artista ofereceu dois trechos das letras: Epílogo Omindá e Lagrimar. A Banda da Portaria, da qual Miranda é integrante, também participou do trabalho, com destaque para Daniel Doc, na produção musical.
O filme tem uma qualidade visual que impressiona, mas a receptividade do trabalho foi uma surpresa para o diretor, roteirista e editor. “A cena em que o Bruno canta com os índios viralizou na Internet. Saiu em vários veículos de imprensa. As pessoas postaram em suas redes. É uma cena linda que mostra a energia dele e sua relação de amor com os povos da floresta”, destacou. O filme está no YouTube e brevemente estará em todas as outras plataformas de streaming.
“Agua” é dedicado a Bruno Pereira, Dom Philips, Chico Mendes, Doroty Stang e aos milhares de indígenas assassinados no Brasil . Apesar da Amazônia, seus povos e sua natureza ganhar destaque (devido à morte de Bruno Pereira), Vitor se preocupa com a política de desmanche que está sendo realizada em todas as áreas do Brasil. “Vemos um sentimento de ódio, uma cultura da violência, que acredito estava adormecida e que aflorou com o atual governo, infelizmente”, desabafou.
O curta apresenta cenas de violência contra mulheres, profissionais da saúde, crianças, a fauna e a flora brasileira. Tudo acompanhado por letras de Vitor e João Mantovani, cantadas pelo próprio Mantovani, O protesto do artista é representado por um personagem (o próprio Vitor) e faz várias referências aos filmes “Táxi Driver“ e “Coringa“.
Para quem quer se aventurar em produzir curtas como “Água”, Vitor ensina que o trabalho teve custo mínimo porque as cenas do personagem principal foram produzidas pela equipe audiovisual da Banda da Portaria e as outras imagens foram retiradas em pesquisas. “Elas se configuram livres por serem pinçadas de vídeos jornalísticos e já estarem na Internet” lembrou.
Paulo Leminski ou Plínio Marcos
Vitor é um artista multitarefa, mas prefere ser reconhecido como poeta. Ele admira o escritor e poeta curitibano Paulo Leminski. “Eu já li tudo do Leminski, mas muitos de meus leitores dizem que eu lembro o escritor Plínio Marcos. Eu acho que isso acontece porque sempre ofereço meus livros pra todo mundo, como o Plínio fazia, e porque somos considerados dois autores marginais, atuando em épocas diferentes”, esclarece.
Como não para de trabalhar, o escritor ainda encontrou tempo para lançar pela editora Sempiterno, em 2021, um livro de contos, “O Que a Gente Não Faz Para Vender um Livro?”. Os contos vão do humor ácido à preocupação do escritor em temas mais atuais. Quem quiser ver o Vitor e comprar seu livro pode ter a sorte de esbarrar com ele nos corredores da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no período de 02 a 10 de Julho, no Expo Center Norte.