“A Desumanização”, de Valter Hugo Mãe, ganha adaptação teatral inédita no Brasil em temporada no Sesc Santana

29 de abril de 2019 Teatro, TV e Cinema
“A Desumanização”, de Valter Hugo Mãe, ganha adaptação teatral inédita no Brasil em temporada no Sesc Santana

SESC SANTANA APRESENTA “A DESUMANIZAÇÃO”, PEÇA INSPIRADA NO LIVRO HOMÔNIMO DO ESCRITOR PORTUGUÊS VALTER HUGO MÃE

Com estreia em 10 de maio, a adaptação inédita da obra no Brasil ficará em cartaz até 30 de junho e conta com José Roberto Jardim na direção e, no elenco, Fernanda Nobre e Maria Helena Chira

“Éramos gêmeas. Crianças espelho. Tudo ao meu redor se dividiu pela metade com a morte da minha irmã. De nós duas, ela era a sonhadora. Dizia que quando crescesse, queria ser longe. Eu dizia que ninguém é longe. As pessoas são sempre perto de alguém ou perto delas mesmas. São sim, ela dizia. Algumas pessoas são longe. Quando crescer eu quero ser longe.” 

De 10 de maio a 30 de junho próximo, o Sesc Santana apresenta a peça “A Desumanização”, adaptação inédita no Brasil do livro homônimo do premiado autor português Valter Hugo Mãe. O espetáculo tem direção de José Roberto Jardim e conta, no elenco, com as atrizes Fernanda Nobre e Maria Helena Chira.

O projeto da montagem, idealizado por Maria Helena Chira, conseguiu o aval do autor, que virá ao país em junho, para que essa obra tivesse uma adaptação para os palcos. “A Desumanização”, quarto romance de Valter Hugo Mãe lançado em 2013 pela editora portuguesa Porto Editora e, no Brasil, pela extinta editora Cosac Naify em 2014, vendendo mais de 35 mil exemplares até 2018, narra, sobretudo, questões psicológicas, como a passagem da infância para a juventude solitária de uma irmã diante da morte de sua gêmea, envolvendo situações de perda e dor.

Raramente a adaptação de um romance tem o mesmo alcance das páginas escritas. Esta montagem busca uma linha narrativa que preserva as imagens idealizadas pelo autor, criando uma leitura paralela. Duas atrizes em cena que falam do passado e, ao mesmo tempo, revivem as diferentes passagens das fases de menina para mulher, as descobertas dolorosas e a necessidade de se sentir inteira.

No romance, o “longe” é representado pela Islândia, lugar mítico e sombrio. Cenicamente, esse lugar se dá internamente e pelas palavras de Valter Hugo Mãe. O lirismo e a poesia estão presentes e há uma lente de aumento na questão da falta de identidade, da falta da outra metade, da duplicação.

Ainda de acordo com a narrativa da obra literária, a personagem Halla assiste sua irmã, Sigridur, morrer. Ou melhor: a vê ser plantada “para nascer árvore”, como assim contaram para ela. A obra é recheada de analogias e sentimentos profundos e de afeto. Alguns perturbadores, outros de encantamento. “…Era fundamental que fôssemos cada vez mais gêmeas.”

Para José Roberto Jardim, dirigir a “A Desumanização” é uma oportunidade de criar, sobre um palco, a jornada proposta por Valter Hugo Mãe, na qual o mundo e suas contradições encontram símbolos e lirismos tão arquetípicos quanto o desejo da personagem Halla em sobreviver ao que ela considera absurdo e, paradoxalmente, belo. “É um grito por sua paridade, autonomia, liberdade e pela busca de entendimentos nesse mundo tão árido e individualista”, analisa Jardim.

SINOPSE

A peça retrata poeticamente a busca da identidade e da integridade de uma mulher em luta íntima para encontrar o espaço de sua existência em contraponto à perda de sua irmã gêmea, analogicamente, seu espelho. Sigridur falece e sua irmã gêmea, Halla, começa a sentir a solidão e as incertezas da vida sem seu “espelho”. Com 12 anos de idade e morando com pai e mãe, brotam pensamentos perturbadores em sua mente infantil, que jura sentir a terra sobre seu corpo, exatamente como deveria estar sentindo a irmã morta e enterrada.

Nesse cenário, Halla inicia uma busca por sua identidade ao mesmo tempo em que o mundo lhe descortina os sentimentos em torno do luto, da solidão, do desamparo e vai lhe revelando uma vida real com menos ilusões e fantasias pueris.

Em 15 de junho, ainda sem confirmação de horário, Valter Hugo Mãe é aguardado para um bate-papo com o público, diretor, elenco e Fernando Paz (responsável pela adaptação) sobre essa inédita adaptação de seu romance para os palcos brasileiros.

Breves Currículos

José Roberto Jardim:  assina a direção e vem, ao longo dos últimos anos, acumulando prêmios e recebendo reconhecimento internacional ao ser convidado para se apresentar em muitos festivais, seja como ator, seja como diretor. Com “Adeus Palhaços Mortos”, recebeu inúmeras premiações e participou de vários festivais internacionais. Com “A Cor que Caiu do Espaço” e “O Poço e o Pêndulo”, concorreu a premiações de direção em 2018. Ainda em maio deste ano estreará seu espetáculo “Há Dias que Não Morro” no International Antalya Theatre Festival.

Fernanda Nobre: indicada para Melhor Atriz pelo prêmio Shell RJ 2016 por sua atuação no espetáculo “O Corpo da Mulher como Campo de Batalha”, de Matei Visniec. Começou sua carreira artística aos 8 anos de idade, tendo no currículo, hoje, 14 novelas, 8 séries e 3 filmes. No teatro, realizou dez espetáculos. Entre estes, foi dirigida por Aderbal Freire Filho, João Fonseca, Fernando Philbert e, atualmente, também está em cartaz com o espetáculo “Soror”, com direção de Caco Ciocler.

Maria Helena Chira: atriz formada pela ECA, é idealizadora da adaptação do livro para os palcos. Em teatro, trabalhou com diretores como Leonardo Moreira e José Possi Neto, além da extinta Cia. de Teatro em Quadrinhos. Estreou na TV com um papel importante na série “Som & Fúria”, dirigida por Fernando Meirelles, na Rede Globo. Fez algumas novelas na emissora e séries em canais fechados, tendo recebido o Prêmio Telas de Melhor Atriz por “Zé do Caixão”, série que co-protagonizou com Matheus Nachtergaele.

FICHA TÉCNICA

A DESUMANIZAÇÃO

A partir da obra de Valter Hugo Mãe

Direção: José Roberto Jardim

Adaptação: Fernando Paz

Elenco: Fernanda Nobre e Maria Helena Chira

Música Original: Marcelo Pellegrini

Desenho de Luz: Wagner Freire

Cenografia: Belisa Pelizaro

Figurinos: João Pimenta

Vídeo: Rogério Veloso

Visagismo: Leopoldo Pacheco

Direção de Produção: Mônica Guimarães

Fotos: Vitor Iemini

Assistência de Direção: Louise Belmonte

Assistência de Produção: Lívia Pinheiro

Idealização do Projeto: Maria Helena Chira

Realização: MOG produtora

Assessoria de Imprensa: Baobá, Comunicação, Cultura e Conteúdo

 

SERVIÇO

Sesc Santana: Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Santana, São Paulo – SP, tel. (11)  2971-8700

Temporada: de 10 de maio a 30 de junho.  Sextas e sábados, às 21h e, aos domingos, às 18h

Local: Teatro.

Capacidade: 330 lugares

Duração: 75 minutos

Faixa etária: 14 anos

Ingressos: R$ 12 (credencial plena), R$ 20 (meia entrada) e R$ 40  (inteira). Vendas online a partir de 30/4, às 12h; nas unidades  do Sesc, a partir de 2/5, às 17h30.

Bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 21h30; aos sábados, das 10h às 21h; e aos domingos, das 10h às 18h45. Aceitam-se cartões de crédito e débito (MasterCard, Diners, Visa, Aura, Cabal, Elo, Hipercard, Maestro, Redeshop e Visa Electron) e cartões de bandeiras Vouchers Cultura (Alelo, Sodexo, VR e Ticket). Os ingressos podem ser adquiridos em todas as unidades do Sesc.

Estacionamento: R$ 12 a primeira hora e R$ 3 a hora adicional – desconto para credenciados.

* em virtude da Virada Cultural, não haverá espetáculo nos dias 17, 18 e 19 de maio


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