Mateus Alves: Compositor da trilha sonora original do filme Bacurau lança dois novos álbuns

27 de outubro de 2019 Música
Mateus Alves: Compositor da trilha sonora original do filme Bacurau lança dois novos álbuns

Mateus Alves: Compositor da trilha sonora original do filme Bacurau lança dois novos álbuns

Recifense, que já lançou 7 álbuns e compôs para 6 longas e 7 curtas, lança coletânea baseada em suas principais trilhas e álbum com a música do longa Bacurau

O compositor, arranjador e baixista recifense Mateus Alves, que em parceria com o irmão Tomaz Alves Souza compôs e está lançando a trilha sonora original do filme “Bacurau” de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2019, lança também mais um álbum autoral. Trata-se do projeto digital “Musica pra Cinema” e, como o próprio nome indica, o disco compila as trilhas sonoras do compositor para filmes como “Rodolfo Mesquita e as Monstruosas Máscaras de Alegria e Felicidade” (2013, dir. Pedro Severien), “Amores de Chumbo” (2017, dir. Tuca Siqueira), “Brasil S/A” (2014, dir. Marcelo Pedroso) e “Aquarius” (2017, dir. Kleber Mendonça Filho). Com os dois últimos, ele recebeu o prêmio de Melhor Trilha Sonora no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2014 e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2017, respectivamente.

No repertório do álbum há peças como “O Lançamento do Operário Espacial” e “A Dança do Cortador de Cana” do filme “Brasil S/A”, de linguagem orquestral, “Amores de Chumbo”, música de câmara, e também faixas como “Wandenkolk”, de estética jazzística, e até mesmo um hip-hop intitulado “Rapidemia”. Outra peça presente no álbum é “As Duas Estações Nordestinas, I – Chuva” composta para a saudosa Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música, que infelizmente teve suas atividades interrompidas em 2014. “Essa composição foi utilizada no longa ‘Aquarius’, de Kleber Mendonça Filho, de forma bem interessante, parecia até que tinha sido composta pro filme! Pra mim foi uma alegria poder ouvir uma peça que compus para outro propósito, como uma homenagem à orquestra e também ao compositor pernambucano Clóvis Pereira, dentro de um filme tão importante da nossa história cinematográfica”, relata. “Escolhi as músicas que considero mais representativas do meu repertório de trilhas de 2013 até hoje, as que funcionam sem estarem nos filmes – muito do que produzimos pra cinema são pequenos trechos ou texturas que só funcionam com as imagens.”, finaliza.

As novidades não param por aí. Além do álbum “Música pra Cinema”, a trilha sonora do longa “Bacurau” também está disponível nas plataformas digitais e está com lançamento previsto em vinil, tanto no Brasil como no exterior. Além disso, o curta-metragem de animação “Bolha”, que foi produzido, dirigido e musicado por Mateus, está sendo exibido em vários festivais Brasil afora, angariando diversos prêmios – a trilha do curta também se encontra disponível nas plataformas digitais.

“Estou bem feliz com a fase atual da minha carreira”, explica. “Agora pretendo aprofundar meu trabalho de compositor, arranjador e produtor musical, bem como ampliar o leque de diretores e diretoras de cinema com os quais trabalho – e quem sabe voltar a tocar baixo ao vivo!”, finaliza.

 

Faixas do álbum “Música pra Cinema”:

  1. Rodolfo Mesquita (Rodolfo Mesquita) – 1:22
  2. Marcha das Máquinas (Brasil S/A) – 03:35
  3. O Lançamento do Operário Espacial (Brasil S/A) – 2:15
  4. A Coroação da Rainha Negra (Brasil S/A) – 4:15
  5. Wandenkolk (Wandenkolk) – 3:35
  6. Amores de Chumbo (Amores de Chumbo) – 3:07
  7. Tinoco (Wandenkolk) – 0:54
  8. A Dança do Cortador de Cana (Brasil S/A) – 2:40
  9. As Duas Estações Nordestinas I – Chuva (Aquarius) – 4:55
  10. Monstruosas Máscaras de Alegria e Felicidade (Rodolfo Mesquita) – 5:27
  11. Casa de Detenção I (Amores de Chumbo) – 2:04
  12. Baião das Máquinas (Brasil S/A) – 1:51
  13. Quinteto de Madeiras 1 I – Lento (Aquarius) – 2:55
  14. Rapidemia (Brasil S/A) – 3:38

Faixas do álbum “Bacurau – Music from the Motion Picture” (trilha original)*:

  1. Bacurau – 1:38
  2. Nighthawk – 4:30
  3. Carmelita** – 1:17
  4. Infância Perdida – 1:28
  5. Aparição** – 0:19
  6. Limpeza Pesada – 1:21
  7. Ambulância Improvisada – 1:17
  8. Contagem Regressiva – 0:49
  9. Hawknight I – 2:51
  10. Michael – 1:43
  11. Se For, Vá na Paz – 1:50

* Todas as composições originais de Bacurau são em parceria com Tomaz Alves Souza

** Composições em parceria com Tomaz Alves Souza e Rodrigo Caçapa

Site Oficial: www.mateusalves.net

Outros sites/redes sociais: mateusalves.bandcamp.com                                               www.instagram.com/mateusialves/

 

Mais sobre Mateus Alves:

O interesse profissional de Mateus sobre a música foi despertado aos 14 anos de idade quando foi ao primeiro show de sua vida: o lançamento do álbum “Afrociberdelia” da banda Chico Science & Nação Zumbi. “Vi pessoas parecidas comigo, cantando com o mesmo sotaque e falando que Recife era massa, algo impensável para nós que imaginávamos morar no pior lugar do mundo”, relata Mateus. Curiosamente, naquela época Recife era de fato considerada a quarta pior cidade no mundo, como cantava o próprio Chico Science em uma de suas letras.  Apesar disso, Recife é (e sempre foi) uma cidade culturalmente efervescente, portanto aos 16 anos ele passou a tocar um instrumento, algo muito comum na época. “Em Recife, era (ou ainda é) bastante comum adolescentes se interessarem por violão, até pela tradição local que temos de artistas como Geraldo Azevedo e Alceu Valença”. No entanto, Mateus ia levando a música como um hobby tocando baixo elétrico em bandas independentes locais enquanto cursava, entre 2000 e 2006, Ciências da Computação e depois Física na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), não chegando a concluir nenhum dos cursos. Foi então que em 2006 entrou no curso de Licenciatura em Música da UFPE e em 2008 foi admitido na Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Músico como contrabaixista acústico. “Minha relação com a música se aprofundou nessa época e cheguei num ponto onde passei a me considerar um músico semi-profissional”. Foi no período como contrabaixista da orquestra, entre 2008 e 2011, que começou a trabalhar as primeiras composições, já que estava em contato direto com o repertório da música de concerto. “Apenas após o contato com o ensino e estudo de música mais convencional, tanto na universidade como na prática da própria orquestra, foi que passei a desenvolver as ferramentas necessárias para compor e tocar com mais propriedade”.

O artista não parou por aí. Em 2011 foi aprovado no Mestrado em Composição da prestigiosa Royal College of Music, em Londres. Nesse período se aproximou da composição para cinema pois havia também um curso de música para filmes na universidade. Em 2007, ainda em Recife e como integrante da banda Chambaril, já havia participado da produção de uma trilha sonora para o longa “Amigos de Risco”, que por sinal foi produzido por Juliano Dornelles, um dos diretores de “Bacurau”. No entanto, em 2012 passou a compor trilhas sozinho pois cursou como eletiva no mestrado uma disciplina de trilha sonora, para qual precisava compor algo para um curta como parte da avaliação. O curso oferecia curtas genéricos do arquivo da universidade, porém como vários amigos estavam realizando filmes em Recife, Mateus mandou uma mensagem conjunta para vários deles se disponibilizando a compor trilhas. “Recebi uma resposta positiva de Marcelo Pedroso e Pedro Severien, sendo assim, compus minhas primeiras trilhas “solo” para os curtas “Em trânsito”, de Pedroso, e “Rodolfo Mesquita”, de Severien. A partir de então fui emendando um trabalho em outro até hoje, primeiramente curtas e depois adentrando o universo dos longas”.

Ao longo da carreira lançou 7 álbuns, são eles: “Ahlev de Bossa” (2005), da banda Ahlev de Bossa, de música instrumental/experimental; “Pare e Siga” (2009), da banda Profiterolis, de música pop – outro trabalho em parceria com o irmão Tomaz Alves Souza; “Mateus Alves, Música de Câmara e Orquestral” (2012), primeiro álbum autoral; “Brasil S/A” (2016), trilha sonora orquestral do longa “Brasil S/A”, de Marcelo Pedroso; “Música pra Cinema” (2019), coletânea de trilhas sonoras que compôs até então; e “Bacurau – Music from the Motion Picture” (2019), trilha sonora do longa que já está nas plataformas digitais e que em breve será lançada em vinil. Compôs a trilha sonora original de sete curtas: “A família de Olga” (Beatriz Seigner), “Bolha” (Mateus Alves) – animação que ele mesmo dirigiu, produziu e assinou a trilha -, “Homens e Caranguejos” (Paulo de Andrade), “Wandenkolk” (Bruno Firmino), “Loja de Répteis” (Pedro Severien), “Em trânsito” (Marcelo Pedroso) e “Rodolfo Mesquita e as Monstruosas Máscaras de Alegria e Felicidade” (Pedro Severien). Assim como compôs para seis longas: “Bacurau” (Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles), “Por Trás da Linha de Escudos” (Marcelo Pedroso), “Amores de Chumbo” (Tuca Siqueira), “Aquarius” (Kleber Mendonça Filho), “Brasil S/A” (Marcelo Pedroso) e “Amigos de Risco” (Daniel Bandeira).

Recentemente concluiu a trilha sonora original do longa-metragem “Flores do Cárcere”, de Bárbara Cunha e Paulo Caldas, prestes a estrear, e está procurando expandir, agora residindo em São Paulo, seu trabalho de composição para cinema, assim como seu lado de arranjador e produtor musical – já contribuiu nesse sentido com artistas como Vitor Araújo, Mundo Livre S/A, Mombojó, China, Lara Klaus, Zé Manoel, Bongar, Antúlio Madureira, dentre outros. “Pretendo ampliar o leque de diretores e diretoras de cinema com os quais trabalho. Até então estou um tanto restrito a produções de filmes pernambucanos, logo quero expandir meu trabalho para São Paulo e outros estados do Brasil – e por que não no exterior? Pretendo também aprofundar meu trabalho de arranjador e produtor musical com artistas dos mais diversos, não guardo preferências musicais, gosto de fazer som!”.


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