O Natal chegou à véspera do Dia das Crianças e fomos tocados por ele”

12 de outubro de 2019 Atualidades
O Natal chegou à véspera do Dia das Crianças e fomos tocados por ele”

Imagem retirada da internet

Hoje, vi o Natal se materializar à minha frente na véspera do Dia das Crianças.
Costumo abominar comida de fast food, mas pai de adolescente não tem muita escapatória e era dia de consulta com o otorrino, praticamente vizinho de um desses restaurantes, no Shopping West Plaza.
Feito o pedido, estávamos aguardando nossa vez, quando na mesa ao lado, sentou-se uma jovem mãe, negra e linda com seus três filhos cujas idades variavam entre oito e cinco anos. 
Como nesses locais a privacidade é zero, foi impossível não ouvir o que essa mãe conversava com seus filhos.


Era uma conversa de “adultos”. Os pequenos a ouviam com atenção enquanto ela lhes explicava que na falta do dinheiro para a compra de presentes pelo dia das crianças, aquela era a comemoração que podia dar a eles; E ofereceu a cada um, um pequeno mimo em dinheiro enrolado em um canudinho plástico, onde de longe era possível perceber que as notas variavam entre dois e cinco reais, explicando que cada um fez por merecer o que estava recebendo.  Os meninos pareciam não estranhar a irrisória quantia e tinham um comportamento respeitoso, compreensivo e impecável. 

Durante toda a refeição, essa mãe foi conversando com seus filhos num tom amoroso, cuidadoso, generoso, cúmplice, educativo, convincente, forte!


Um detalhe muito importante e significativo nestes tempos de modernidades tecnológicas me chamou a atenção; Nenhum deles estava com celular nas mãos. Era tudo conversa olho no olho, entre eles e com eles! Dava gosto de ver aquela cena, tão íntima e tão universal como deveria ser sempre os encontros entre pais e filhos.


Fui me encantando pela forma com que aquela mulher, tão jovem e tão plena de sabedoria preparava com doçura e firmeza seus filhos para a “vida”. Que belo exemplo de mãe e de mulher! Que presente eu encontrei esta tarde nesta moça desconhecida.


Ao levantar-me para ir embora, aproximei-me de sua mesa e pedi licença para aborda-la. Ela abriu um longo e branco sorriso surpreso e ao mesmo tempo acolhedor com a minha abordagem.
Perguntei-lhe o nome.

Carla, ela disse.


Contei-lhe que, indiscreto, ouvi toda a sua conversa com os filhos e queria parabenizar-lhe por ser aquela mãe encantadora que certamente continuará sendo uma inspiração e a melhor referencia que seus filhos terão para o futuro.

Ela emocionou-se com as minhas palavras, os olhos marejaram e com a voz cortada pela emoção do elogio inesperado de um estranho, disse-me que isso era um incentivo para ela, pois muitas vezes se perguntava se estava agindo certo com seus filhos, já que o mundo é tão confuso nesse sentido e não há uma escola para aprender a ser pai e mãe, embora ela fizesse o possível para não errar muito.

Eu lhe assegurei que ela era uma mãe especial, que seus filhos tinham muita sorte e que certamente se orgulhariam sobre ela a vida toda; Os meninos, atentos e silenciosos ao redor dela, formavam um semicírculo como se preparassem instintivamente para “defende-la” de algo desconhecido; Sentiram-se orgulhosos e entrelaçaram seus bracinhos magros ao redor do pescoço daquela mãe num gesto uníssono de carinho explícito.  


Despedimo-nos mutuamente agradecidos e emocionados.


Talvez nunca mais nos vejamos, mas ambos, com certeza saímos modificados desse belo encontro casual.


Ela por descobrir que o seu oficio de mãe foi reconhecido por um estranho.
E eu, por ter encontrado uma jovem mãe tão sabia que me mostrou que o Natal pode ser todos os dias, como, aliás, deveria ser.

Que sorte tem os seus filhos! 

Tendo Carla como mãe, não tenho dúvida que terão sucesso na vida e serão homens especiais e “do bem”, que serão cuidadosos e zelosos com suas futuras companheiras, pois estão recebendo uma base muito sólida sobre afeto, respeito, companheirismo e amor.


Que sorte eu tive ao encontra-la!  Ganhei o meu dia e a semana, numa simples tarde num fast food; Tomei a mão de minha filha junto à minha e saímos felizes pelas ruas; Não precisávamos mais de palavra alguma. O nosso Natal havia chegado à véspera do Dia das Crianças!


Dema de Francisco

editor da Revista Ponto Jovem

 


Copyright ©2022. Todos os direitos reservados.